XXXII Esposizione Biennale Internazionale D'Arte Venezia (Brasile, 1964)
Sendo hoje o Brasil um laboratório de experiências culturais onde trabalham numerosos artistas, pesquisadores das tendências mais diversas, a comissão encarregada de fazer a escolha dos nomes dos participantes à XXXII Bienal de Veneza viu-se singularmente embaraçada. Muitos eram os candidatos com legítimos títulos de habilitação; e que no entanto tiveram de ser sacrificados em benefício de uma determinada linha de orientação, a fim de se obter um critério estilístico válido. Decidiu-se em primeiro lugar apresentar uma retrospectiva parcial de Tarsila do Amaral, como reconhecimento da importância da sua colaboração no processo de desenvolvimento da nossa pintura na década 1920- 1930, isto é, na fase decisiva do chamado movimento modernista do Brasil. Com efeito, a pintura de Tarsila acha-se intimamente ligada às correntes « Pau-Brasil » e « Antropofagia », através das quais se tentava afirmar a validez da nossa cultura nativa, em oposição aos modelos da tradição européia introduzidos pelo colonizador português. Mas na prática tal pintura resulta da aliança entre êsses elementos nativos e o cubismo, a escola de Paris, em suma, representada na época por Léger, Lhote e Gleizes, amigos e mestres da pintora. Reflete o choque produzido no seu espírito, quando regressou da Europa, ao redescobrir a arte mural do seu país, criada em geral por artistas anónimos. Segundo seu próprio testemunho, a artista passou a revalorizar as côres abandonadas pelos nossos pintores durante urti longo período: « o azul puríssimo, o rosa violáceo, o amarelo vivo, o verde cantante, tudo em gradações mais ou,menos fortes, conforme a mistura de branco... (Pintura limpa... Contornos nítidos, dando a impressão perfeita da distância que separa um objeto de outro) ». Alfredo Volpi ligou-se nas primeiras fases da sua çarreira à tradição de pintura popularesca, como pintor e decorador de paredes em S. Paulo. Libertou-se, entretanto, dessa condição, integrando há vários anos a equipe de pintores abstrato-concretos que reformularam os dados da pintura brasileira; de fato competiu-lhe 3